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3 de jul. de 2024

☆ 5 / 5 ☆


Jean Seberg

☆ 5 / 5 ☆


O seu coração forte, mesmo partido em mil pedaços,
suplicou em batidas leves e espaçadas. 
No seu olhar a lentidão descompassada.
Tomou o seu último fôlego, o suficiente para voar.
O olhar já ia longe. 
Foi-se no frio da noite, na chuva fina silenciosa.
Voou no vento, sem pouso. 
A fragilidade onde havia tanta fortaleza
era necessária para levantar o seu vôo de passarinho.
Tinha a certeza triste da vida mal vivida, porém,
com a vívida certeza da nova plumagem. 
Sem desalento, sem peso.

Berenice - julho 2017





 

1 de abr. de 2021

Centurio - na Amazon





"Faltava uma hora para o amanhecer. 
Embora ele sentisse a hora do dia, não fazia 
ideia do tempo. Dias, meses, anos, séculos. 
Não se sentia um velho, contudo, estava carcomido, 
como se tivesse apodrecido. Não, o infeliz não sabia 
que vivia apenas uma noite da sua nova vida."


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Ancoradouro - esboço



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7 de out. de 2020

Lascívia chegou!






 

Minha Antologia Lascívia chegou com

cheirinho de livro novo no ar.

Meus dois contos "Impropriedades" e "Oferenda" estão nessa antologia linda!


Lascívia é uma antologia da Cartola Editora 

organizada por Janaina Storfe 

e com vários novos autores nacionais. 


Está disponível em eBook e em livro físico:



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A palavra erotismo vem do francês “érotisme”, que significa “desejo amoroso”. O erotismo é o estímulo sexual sem apresentar o sexo de forma explícita, que é o que o diferencia da pornografia. O termo não representa apenas um estado de excitação sexual, mas também a exaltação do sexo no âmbito das artes, como na literatura e na pintura. E é justamente através desse apelo artístico que o conteúdo erótico se distingue da pornografia, na qual tende a haver uma maior preocupação sexual do que estética.


As primeiras representações artísticas de clara intenção erótica foram realizadas pelos Gregos e Romanos. Estas se encontram nas ornamentações de vasos de cerâmica, em pinturas murais, como nos frescos da Villa dos Mistérios em Pompeia (Museu Secreto de Nápoles) e nas esculturas inspiradas em cenas mitológicas de jogo amoroso.


Na literatura, é preciso distinguir a ficção poética das que possuem sentido didático, como o Kama Sutra. O Cântico dos Cânticos (ou Cantares de Salomão), quarto livro da terceira seção da Bíblia hebraica e um dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia cristã, possui em sua composição uma profunda dimensão erótica.


A poesia erótica encontrou no mundo romano uma nova dimensão ao incorporar elementos da linguagem coloquial que facilitaram a expressão da sensualidade. Durante a Idade Média, o gênero evoluiu para uma liberdade maior na poesia dos goliardos, ao mesmo tempo em que surgiu quase contemporaneamente a poesia do amor cortês, em que a inspiração erótica acontecia de uma forma altamente sublimada e codificada, sendo reflexo da sociedade feudal e cavalheiresca na qual se desenvolveu. No Renascentismo e no barroco, a poesia erótica atingiu o seu último momento de esplendor, pois nos séculos seguintes perdeu a sua especificidade como gênero distinto da poesia amorosa. Nos séculos XIX e XX o gênero foi cultivado por um extraordinário número de escritores, como Oscar Wilde e Alfred de Musset, mostrando vitalidade diferente das de outras narrativas.


E por que “Lascívia”? A palavra é sinônimo de luxúria, uma emoção de intenso desejo pelo corpo. Segundo a doutrina católica, é um dos sete pecados capitais e consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema e sensualidade.


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O bushi - em andamento


"Sem me importar com as pessoas em volta e os rituais envolvidos na cerimônia, cheguei no corpo ajoelhado, os seus olhos estavam fixos no chão. Vestida com o quimono branco, os cabelos compridos dourados cobriam seu rosto, grudados nas lágrimas. Percebi os espasmos, a mancha vermelha espalhando-se no traje e a pequena faca dentro do seu abdômen. Sabia que precisava fazer algo, ela havia me preparado para isso. Quanto entendimento dentro de um corpo tão jovem e pronto para morrer. Peguei a sua espada, fechei os olhos. Um profundo silêncio gritava em volta. Nunca desejei tanto a ignorância.


                                                    Trecho de O Bushi


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17 de mai. de 2019

Basalto

Basalto 


Por trás do seu semblante cansado e triste
O belo homem persiste
Figura imponente, traços de um artista
Metamórfico, não mais à vista
Diálogos rompidos
Tempo e memória perdidos
Lucidez e coração
Cada um no seu próprio tempo, partidos
Destinos aos cacos no chão
Não há mais tempo, só a fraqueza
Amargura, melancolia, delicadeza

Berenice 2005





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5 de mai. de 2019

Alívio


Alívio


O seu coração forte, mesmo partido em mil pedaços, suplicou em batidas leves e espaçadas. No seu olhar a lentidão descompassada. Tomou o seu último fôlego, o suficiente para voar. O olhar já ia longe. Foi-se no frio da noite, na chuva fina silenciosa. Voou no vento, sem pouso. A fragilidade onde havia tanta fortaleza era necessária para levantar o seu vôo de passarinho. Tinha a certeza triste da vida mal vivida, porém, com a vívida certeza da nova plumagem. Sem desalento, sem peso.

Berenice 2017



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20 de abr. de 2019

O poço - trecho


"A tarde seguiu chuvosa e transformou-se em uma noite de vento assustadora. No quarto do Conde a pequena janela batia e assobiava como um uivo que ecoava por toda a casa. Antes de fechá-la olhei para o sombrio  poço e algo atraiu o meu olhar. Mesmo no total escuro do jardim, pude ver um brilho muito forte dentro da água que desapareceu rapidamente no fundo."

10 de fev. de 2019

Caligrafia



Sinto uma grande saudade das cartas escritas à mão. Minha caligrafia tantas vezes treinada e aperfeiçoada, resume-se agora num dedilhar. Não mais o nervosismo visível nas linhas trêmulas, traçadas com a emoção do momento. Não mais o cheiro, o perfume das mãos. Acompanho as modernidades e faço uso de todas, mas não me incomodaria de perder algum tempo com coisas que deveriam ser imutáveis.

Berenice 2014




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1 de fev. de 2019

Alísios



Em meio à calmaria chega o vendaval disfarçado de suave brisa, soprando no que antes era impecavelmente arrumado, fazendo sentir uma tépida temperatura, um sinal de tempestade, onde só se sentia os úmidos e previsíveis ventos. O assombro é engodo ao que sente e ao que sopra, o temporal morno e devastador já era aguardado, a calmaria, uma explosiva possibilidade.


Berenice 2009




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10 de jan. de 2019

Maresia


Não existe algo que me dê maior sensação de liberdade do que o mar. E ainda, uma liberdade melancólica, uma tristeza desmedida e sem motivo aparente. Penso que essa sensação esteja no inconsciente, numa época de antepassados, patrícios. A nostalgia de um povo habituado à saudade, que sempre olhava o mar com os olhos marejados, tanto fazia se era o que ficava ou o que ia. Gosto dessa sensação. A maresia nos cabelos e na língua dá-me o ímpeto de seguir para o horizonte.

Berenice 2009




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16 de fev. de 2015

Movimento

Às vezes quero acreditar que nós, os seres humanos, estamos numa espécie de transição da existência, assim como entre a adolescência e a maturidade. Não que estejamos chegando, finalmente, a algum lugar, pois acho que os desejos mudam de foco mas não se extinguem. Mas o egoísmo e individualidade exacerbados e todos os sentimentos que vêm acompanhados (dolorosos, mas talvez necessários nesta transição), transformam tudo em passageiro, transitório e sem valor profundo. Mas sempre tem algo que nos sacode para amadurecer... Como tudo é movimento, nada fica parado nem estagnado, podemos ter sempre um novo objetivo, um novo desejo. Enquanto isto flutuamos no espaço, em movimento eterno, indo para onde ninguém sabe e nem para quê. Mesmo com tantas tecnologias e a sede de saber, ainda não desvendamos o principal mistério. Mas incrível! Este mistério também nos move! Afinal viemos e estamos nele e isso nos fascina. Talvez este seja o principal motor a nos mover, um motor que fabrica desejos.

Berenice 2007


"Para poder continuar a existir, o desejo tem de ter objetos eternamente ausentes." Lacan




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15 de fev. de 2015

Heráclito

(Heráclito de Éfeso (535 a.C. – 475 a.C.)

Há vinte e cinco séculos as palavras de Heráclito de Éfeso vêm provocando contínuas reflexões. Foi um nobre que não quis reinar, em plena Grécia não apreciava a política. Por suas frases densas e concisas era considerado o Obscuro. À luz do pensamento contemporâneo foi nomeado o Luminoso. Seus aforismos são poderosos e belos, um Pensador numa época em que nem existia o conceito filosofia. O conceito de Heráclito que mais me seduz é o dos opostos. Os opostos que coincidem, da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo. São como versões diferentes de uma mesma coisa, criando dois lados em um uno, revezando-se.

Berenice 2007



Algumas sentenças de Heráclito o Luminoso:

"O deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; varia como o fogo que ateado a especiarias é chamado conforme o perfume destas"

"Os homens são deuses mortais e os deuses, homens imortais; viver é-lhes morte e morrer é-lhes vida".

"Todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas.”"Tudo flui e nada permanece; tudo se afasta e nada fica parado. Você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo. É na mudança que as coisas acham repouso."